Jornal - O Ardina -

domingo, 24 de fevereiro de 2008

TERTÚLIA

Está aí a próxima tertúlia. Alunos do 7º, 8º e 9º anos estão a ler "Recados de Mãe". Com eles está, também, a professora Ana Cigarro que os ajudará a reflectir sobre este livro tão interessante que nos faz pensar sobre as relações entre as pessoas e a sua capacidade para enfrentar situações difíceis...
Sei que todos estão curiosos por conhecer a autora, já muitos mo expressaram. Espero que a Verbo aceda ao meu pedido e nos ajudem a trazê-la à nossa BE... Temos ainda outras obras, da autora, para ler...
Veja em "comentários" as reflexões dos alunos

2 comentários:

Anónimo disse...

Eu gostei do livro porque a história é quase real e o assunto deve ser abordado. Se alguma vez me acontecesse uma situação idêntica, não sei como reagiria.
Mais uma vez, a escritora está de parabéns, tem uma grande imaginação.
Joana Costa 7ºC, Nº12

Anónimo disse...

“Recados da Mãe" de Maria Teresa Maia Gonzalez
Esta obra fala-nos de duas irmãs, Clara e Leonor, filhas de pais separados, com apenas dez e seis anos de idade, que perderam a mãe, ficando assim órfãs.
Certo dia, acabadas de sair da escola, esperavam pela mãe, como era habitual, mas a mãe não apareceu. Tinha morrido.
Posto isto, a vida delas mudou completamente, primeiro foram viver com o pai, durante pouco tempo, com quem não viviam desde a separação, mas as condições da casa não permitiam a entrada de mais duas pessoas. Foi então, nas férias do Verão, que se mudaram para Coimbra para viverem com a avó materna, na Quinta do Chorão, com quem nunca tinham tido qualquer tipo de contacto.
Os dias eram passados a brincar nos jardins, a aproveitar o espaço de que ambas dispunham, as noites sim, essas eram difíceis, aí as saudades pareciam aumentar, e numa tentativa de diminuir a falta que Leonor sentia da mãe, Clara, todos os dias de manhã, dizia ter sonhado e falado com a mãe.
A relação entre Clara e a avó Matilde não era a mais desejada, entrando muitas vezes em conflito, levando a que tentassem fugir de casa para irem ter com o pai a Lisboa.
Na quinta, tinham lições de catequese, iam à igreja… A avó tentava assim transmitir-lhes os seus conhecimentos religiosos, despertando nelas algum interesse, que mais tarde foi bem visível em Clara.
Aproximava-se o início do novo ano lectivo. A avó levou as duas netas a Coimbra para comprarem todas as coisas necessárias para que pudessem dar entrada no colégio de Santa Isabel daquela cidade, como alunas internas.
Esse dia chegou, acompanhadas pela avó e por Plácido, as meninas foram deixadas a cargo de uma freira, que lhes ia mostrar o quarto, assim como todos os locais que compunham aquele colégio.
Naquele lugar reinava o silêncio, que perturbava Leonor. O mesmo não acontecia com Clara que, para quem, desde os primeiros momentos, a capela passou a ser o centro das suas atenções e o seu refúgio. De aluna excelente, passou a ser apenas razoável, estudando pouco mais do que o indispensável para obter notas positivas. Deixou de ser uma rapariga comunicativa e passou a comportar-se de forma muito discreta. Mas continuava sempre atenta e preocupada com o bem-estar da irmã.
Todas as noites, pois era nessa altura final do dia que elas mais falavam por estarem juntas, a mãe era sempre relembrada, assim como o sonho de terem uma casa igual à da avó, mas esta com paredes cor-de-rosa.
No primeiro mês, os fins de semanas não podiam ser passados em casa, como faziam os restantes alunos do colégio, com o objectivo da adaptação ser mais fácil. A situação inverteu-se e, com o passar dos meses, lá estavam elas a contar histórias e a brincarem.
Os anos foram passando. Com catorze anos, Leonor não fazia a menor ideia do que queria ser um dia mais tarde, mas Clara tinha já feito a sua escolha, embora a avó planeasse para ela um curso de professora, para exercer num liceu ou colégio de Coimbra.
Aos vinte e um anos, depois de completar os estudos, Clara comunicou à avó e à irmã que queria ser missionária e que brevemente viajaria para África onde aplicaria os conhecimentos que tinha adquirido, junto de crianças órfãs, em Moçambique ou noutro país qualquer onde a sua presença pudesse ser útil.
A avó ficou estupefacta com tal escolha e Leonor saiu da sala onde se encontravam, revoltada com a notícia da irmã, pensando que o facto de terem frequentado um colégio de freiras tivesse tido influência para aquela decisão, mas depressa concluiu que era a vocação da irmã.
Leonor continuou a viver em casa da avó e, após a sua morte, a casa foi remodelada e as paredes foram pintadas da cor que ambas sonhavam aquando da estadia no colégio.
Clara, após a ida para Moçambique, veio a Portugal apenas uma vez, para ser madrinha da primeira filha adoptiva da sua irmã. Regressou novamente passados vinte anos, para o casamento da afilhada.

Opinião acerca da obra:
Esta história remete-nos para a situação de milhares de crianças, que ficam órfãs.
Estas personagens tiveram a sorte de ter alguém com possibilidades que pudesse acolhe-las e proporcionar-lhes uma boa vida, porque todos nós sabemos que existem crianças sem pais e que são postas ao abandono, ingressando assim para instituições de acolhimento.
Estas casas, por melhores instalações e pessoal que tenham, nunca vão substituir o amor de mãe e pai, porque apesar do bem-estar que elas oferecem, há uma coisa que estas crianças não conhecem… a felicidade de ter uma família!
A AUTORA
Nascida no ano de 1958, em Coimbra, Maria Teresa MaiaGonzalez estudou na faculdade de Letras da Universidade Clássica, em Lisboa, onde se licenciou em Línguas e Literaturas Modernas, variante de Estudos Franceses e Ingleses, tendo sido professora de Língua Portuguesa de 1982 a 1997.
Na sua carreira de autora conta já com inúmeros livros editados dos quais se destaca A Lua de Joana, sendo o seu maior sucesso editorial. Foi publicado em Lisboa, Outubro de 1994, conta já com 17 edições e 250 000 exemplares vendidos (editado também na Alemanha, Bulgária, Albânia, Espanha e China).
É também a autora da Colecção Profissão: Adolescente, onde conta com 26 títulos publicados, todos várias vezes reeditados e com Maria do Rosário Pedreira, co-autora da Colecção O Clube das Chaves, de que foram publicados 21 volumes.
Os seus livros têm a particularidade de reflectir assuntos relacionados com a juventude. Na sua escrita são visíveis as situações com que nós, os jovens, defrontamos diariamente, na linguagem própria da nossa idade, evocando os sentimentos e as duvidas que nos atormentam, revelando também uma grande sensibilidade e actualidade em relação aos mesmos.

Lista de livros da autora:
A lua de Joana
Recados da mãe
O guarda da praia
Quase Adolescente
Ser Invulgar
Anti – Bonsai
Retratos Imperfeitos
Histórias com Jesus
A Contemplação da Coroa
A Cruz Vazia
O Pai no Tecto (teatro)

Colecção Um Palco na Escola
Colecção Profissão: Adolescente
Colecção O Clube das Chaves